O concelho de Mação é responsável por 70 por cento da produção nacional de presunto, o que levou os empresários do sector a iniciarem um processo de homogeneização e certificação do produto, para “abrir novos mercados”. A certificação do presunto produzido no concelho resulta da união das empresas transformadoras em torno de critérios e normas de qualidade claras que, sob a designação de “Marca Mação”, pretende promover o produto mais emblemático do concelho.
Com cerca de uma dezena de empresas, 200 funcionários e cinco mil toneladas de presunto produzidas por ano, Mação beneficia de um “microclima favorável” ao sector e do saber fazer de “tradições ancestrais”.
“Se a altíssima qualidade dos nossos presuntos permitiram granjear uma quota de mercado tão grande, com a ‘Marca Mação’ e o processo de certificação que lhe está intrinsecamente associado damos uma nova garantia, uma nova imagem, de modo a ganhar uma maior homogeneidade entre todos os produtores na fabricação e distribuição”, diz o vereador António Louro.
Segundo o autarca, este processo de certificação “é uma nova era que se abre e que permite aumentar o nível qualitativo do produto final, aliando e adaptando o saber fazer às realidades actuais do mercado e ao tipo de produtos que o consumidor procura e necessita”.
“É um salto que se dá”, afirmou António Louro, acrescentando que a “a criação de sinergias e a junção da produção das várias indústrias permite criar maiores quantidades e abrir novos horizontes à exportação”.
Situada na freguesia de Envendos, o maior centro produtor desta indústria no concelho, a empresa Damatta foi a primeira a iniciar o processo de certificação do presunto. Segundo disse à Lusa o director de operações da empresa, que começou a laborar em 1907 e facturou em 2009 cerca de dez milhões de euros, o “segredo do sucesso está nas características ambientais e climáticas muito próprias de Mação, com um microclima favorável à produção e secagem do presunto”.
“Estamos no mercado há mais de 100 anos e o que nos diferencia é este saber fazer ancestral e as condições ambientais, mas também a matéria prima, a salga e a cura em si”, afirmou Manuel Vaz.
Para o responsável da Damatta, empresa que produz 1.800 toneladas de pernas de presunto por ano, o processo de certificação “vem normalizar e conferir uma garantia acrescida ao consumidor final de que está a adquirir o melhor presunto produzido em Portugal”.
Uma opinião partilhada por Fernando Monteiro, veterinário municipal e supervisor da execução do caderno de especificações. De acordo com este responsável, com este processo de certificação, em que as pernas são marcadas a fogo, o que se pretendeu foi “estabelecer um conjunto de princípios que todos os produtores têm de respeitar, um conjunto de passos em termos de fabrico e de exigência de qualidade, criando um produto topo de gama”.
“Promover um produto ao mais alto nível é promover as empresas e, promovendo as empresas, estamos também a promover uma região”, afirmou. Tendo em conta o tempo mínimo de processamento para pernas com pernil - nove meses - os primeiros presuntos certificados estarão aptos para consumo no final do próximo Verão.
in "O Mirante"
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